É incrível pensar que o agronegócio tem a vocação quase religiosa de cuidar dos seus próprios inimigos, ao invés de combatê-los. No entanto, ao dispensar-lhes bem-estar, enquanto por eles é maltratado, o agro se enobrece. Afinal, nos muitos eventos que se multiplicam a fora, onde incansável e ferrenhamente é hostilizado, o agro vê o emprego de prédicas homéricas para agredir o setor. Tais faladores inconsequentes não se dão conta, propositadamente ignoram a realidade ou fazem questão de ver somente o que lhes interessa, que, ao se reunirem para difamar o agro, do próprio agro se beneficiam naquele. É incrível, inacreditável, mas verdadeiro.
Vamos aos fatos.
Em toda reunião que congrega altas autoridades para estudar as mudanças climáticas que ocorrem no mundo, coisa que acontecia desde antes que a história passou a registrá-las, a tônica é difamar um setor em especial. Qual? O agronegócio.
Sim, o agro queima, desmata e faz o diabo contra a terra, e isto em prejuízo de todos, dizem.
Insistem que o produtor rural é o agente causador de todo mal que provoca o derretimento das geleiras, o aumento das ondas de calor e frio, a elevação dos níveis dos mares, etc.
Não são diferentes os encontros voltados aos estudos que tratam da poluição dos ares, dos rios, etc. Novamente, o setor é lembrado negativamente pelo tanto de fumaça que lança na atmosfera e coisa que o valha.
Ah, o agro, esta “chaminé” a céu-aberto que insiste em intoxicar a todo ser que respira. Melhor seria se não existisse, pensam, para que o resto existisse. Mas existiria alguém sem a existência do agro?
O que não dizer então das cúpulas que denunciam com vigor o tal furo na camada de ozônio que, como dizem, têm reflexos desastrosos no planeta terra. De quem é a culpa? Isto mesmo, do produtor rural, mais especificamente do pecuarista que não ensina seu boi a arrotar menos e com mais educação, quem sabe colocando a pata à boca para evitar que os gases subam causando o furo lá em cima para desastre aqui embaixo. Aliás, dizem também que o animal, soltando gases noutro local do corpo, também prejudica a camada de ozônio. Talvez desejassem que fosse aplicada uma boa dose de luftal na boiada, a fim de proteger o mundo dos efeitos do pum coletivo.
Tão revoltados contra o agro, tais eventos, para manterem coerência, deveriam adotar a seguinte postura: ao término de tudo, o clímax coerente seria proclamarem um grande e saboroso jejum. É isto mesmo. Deveriam convidar todos a se assentarem à mesa e, imediatamente, ao sinal de quem estivesse na sua cabeceira, cruzar os talheres antes de serem servidos, sinalizando aos garçons para retirarem os pratos, pois, naquele momento, em protesto contra o agro, o inimigo do planeta, não comeriam nada e nem beberiam coisas que só o agro produz.
No entanto, não agem assim. Durante as conferências, como também no seu último e derradeiro dia, os congressistas, em estado de euforia por tudo que criticaram, fazem questão de serem bem servidos. E, no encerramento do congresso, da conferência ou da cúpula, o ponto alto é provarem de um farto e apetitoso jantar, onde se come e bebe do melhor. E quem patrocina o jantar? Justamente o agro, que a despeito de maltratado, trata bem os que lhe são contrários.
Se um dia o agro perder esse “dom” ou vocação de tratar bem seus inimigos, e deles começar a se distanciar, quem sabe se convertam em amigos para ajudá-lo a ser reconhecido à altura do que merece.
Lutero de Paiva Pereira – Advogado especializado em direito do agronegócio. Fundador da banca na Lutero Pereira & Bornelli – advogados. Contato: (44) 99158-2437 (whatsapp) / pb@pbadv.com.br / www.pbadv.com.br
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