Agora que o Brasil não se vendeu ao estrangeiro, tem nos imóveis rurais uma fonte de riqueza para se alavancar neste momento de crise econômica.
Sem a pretensão de ter sido um João Batista clamando sozinho no deserto contra uma nova legislação que se queria ver vigorando no Brasil para autorizar a venda áreas rurais para estrangeiro mais do que a lei já permitia, diga-se, lei que já permite muito, pois outros também clamaram, ao menos a voz foi audível contra a ideia que galopava nesta direção no Congresso Nacional.
A despeito do adjetivo de nacionalista, de alguém que não se importava com o desenvolvimento do País ou que se mostrava contrário ao ingresso de capital estrangeiro para melhorar a economia nacional, não emudeci. Valeu a pena, como disse o poeta.
Se a lei tivesse passado nos moldes como alinhavada, o Brasil seria hoje uma grande fazenda chinesa e os brasileiros empregados ou, como quer a nova linguagem, “colaboradores” do fazendeiro estrangeiro.
O pretenso comprador de nossas terras produtivas estava tão certo de que tudo ia dar como imaginava, que já patrocinava eventos jurídicos para tratar do agronegócio no País. Os olhos apertados do longínquo País viam melhor do que os olhos esbugalhados dos brasileiros que estavam perto da riqueza cobiçada.
Agora que o Brasil não vendeu ou não se vendeu, tem nos imóveis rurais uma fonte de riqueza para se alavancar neste momento de crise econômica que se instala por causa da pandemia.
Se explorada a terra de forma mais consistente com injeção de recursos do BNDES ou mesmo dos Fundos Constitucionais, inclusive para bem desenvolver a agroindústria, tudo será melhor. E que ninguém ignore que o campo bem estruturado gera mais empregos e renda na cidade no que no próprio ambiente rural.
Afinal, o maquinário que usa se constrói na cidade; a tecnologia que emprega se estuda na cidade; os insumos que faz uso são produzidos na cidade; a comercialização do produto rural é feita nos centros urbanos; etc., etc., etc. Ou seja, exceto o ato de produzir, tudo o mais do agronegócio acontece na cidade.
O Brasil, bonito por natureza, segundo Jorge Ben Jor, e produtivo por vocação, que o diga a Embrapa, tem uma oportunidade única para se firmar como um Estado, mais do que emergente, emergido.
Nada de tigre asiático. Agora é a vez da onça sul-americana.
Lutero de Paiva Pereira – Advogado especializado em direito do agronegócio em Maringá (PR). Contato: www.pbadv.com.br / pb@pbadv.com.br
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