Por Renato Pereira (*): Março de 2050. Uma reunião da Comunidade Europeia discute problemas ambientais, mercado da carne, soja e milho buscando uma forma de aumentar a pressão sobre os responsáveis pelas exportações no Brasil. Após dias de debates, decidem que é inevitável mandar uma comissão para cá com a missão de resolver os problemas ambientais que travam a livre comercialização de alimentos.Antes que essa missão chegue aqui no país, é importante rememorar as profundas modificações que ocorreram no mundo nos últimos 40 anos.
A China está com 2 bilhões de pessoas. Com o crescimento médio de 6% a 7% ao ano mantido desde o ano 2000, atingiu um padrão de consumo muito perto do americano.
A Índia também cresceu muito. A população beira os 2 bilhões de pessoas. Embora não consuma tanto quanto a China, já supera a média da comunidade europeia.
Esse aumento grandioso na população e no padrão de gastos desses dois países deslocou o centro de importância do mundo para a Ásia. Para garantir a alimentação dessas 4 bilhões de pessoas, foram feitos diversos acordos com países produtores, intensificando a compra de grãos e carnes em quantias nunca antes imaginadas.
O Brasil neste período dobrou a produção agropecuária e mantém uma relação harmoniosa com a Ásia. Sua renda per capita já superou a dos europeus e uma onda de progresso invade o país: são ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos e tecnologia ultramoderna na produção agrícola.
Em julho do mesmo ano de 2050 a comissão referida no primeiro parágrafo, depois de muita conversa diplomática os embaixadores, consegue enfim um espaço na agenda do Ministro das Relações Exteriores Brasileiro.
Ao contrário dos anfitriões, os visitantes estão ansiosos e apressados. Sem delongas adiantam que precisam comprar urgentemente grãos e carnes e que não estão muito preocupados com o preço.
Os negociadores brasileiros resistem, há dois anos ficou decidido que a Europa só receberia produtos brasileiros se repusesse as reservas florestais nativas, além, claro, de manter áreas de preservação permanente nas encostas dos morros, margens de córregos, rios e lagos.
Os visitantes estão apavorados. Falam ao mesmo tempo, alguns em português outros em inglês, estes se desculpando por não saber nossa língua. Garantem que os parlamentos de lá estão dispostos a aprovar leis nesse sentido, imediatamente.
Nossa condição, diz o Ministro, é que aprovem e implementem integralmente o Código Florestal Brasileiro que vocês nos impingiram em 2012, estimulando e financiando o Green Peace e ambientalistas fanáticos para palpitarem em nossa soberania.
Os europeus pareciam satisfeitos com o desenlace da conversa e prometeram voltar em 100 dias com as leis ambientais aprovadas pelos diversos países que compõem a comunidade.
Mas foi um balde de água na fervura quando o Ministro brasileiro disse que retomaria sim o comércio entre as partes, mas a primeira venda seria a de uma consultoria. Nossa ONG “Paz Verde” acompanharia a implantação do processo ambiental Europeu. Só depois, satisfeita essa primeira etapa, seria autorizada a exportação de carnes, soja e milho.
Renato de Paiva Pereira
Empresário em Cuiabá/MT. Escritor e autor de livros sobre empreendedorismo e colunista do blog Direito Rural.
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